MEDO... (post temporário)
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No fundo, tenho medo. Medo de te voltar a ver. Medo de que as minhas mãos voltem a ser mãos outra vez e disparem dos pulsos para te despentear o cabelo e apertar-te os nós dos dedos, entalando-te as falanges como se fosses criança a quem cuidasse de atravessar a rua. Medo de que o meu corpo se lembre da fome que te teve e se queixe ruidosamente, como um estômago vazio; de que me dês água na boca e que de deserto árido passes a fonte de trevas com neptunos sumptuosos e fundos forrados a desejos. Medo de pensar que não te vejo desde... há tanto tempo... e de por isso te rever, saudosa, achando que nunca nos fomos e que ainda nos damos as mãos, algures por Paris. Medo de, afinal, te ter esquecido em vão e de que nos encontremos de novo a meio de inocuidades gentis, amorosamente gentis; e de que tenhamos, inesperadamente, muito cuidado com os gestos, como se contornássemos vidros partidos ou fios descarnados. Medo de dar com os teus olhos e de neles mergulhar de cabeça, de engolir pirulitos, nadar-te e por ti ficar, num boiar infinito. No fundo, tenho medo de que a mera possibilidade da tua presença me diminua a graça dos dias. Por isso me quedo.
...
5 comentários:
Mesmo que o post não tenha o/a autor(a)... creio que deveria ficar, e não ser temporário.
Catarina Alves
12ºE
Talvez quem o tenha escrito o sinta como um momento... e como tal deva ser encarado: fluido, transitório... como tudo.
:)
Talvez...e se isso fizer com que a pessoa se sinta melhor... concordo. Respeito.
Às vezes é melhor assim...
:)
Catarina Alves
12ºE
Li e reli. Está tão bom! É físico, é profundo, é(-me) real. Adorei mesmo; os impulsos, o desejo, a paixão, a saudade e a dúvida, a profundidade e a confusão.
E a palavrinha “inocuidades”… devia ter lido este post com mais atenção antes!
Não vou falar mais, o texto já tem tudo.
Este post tem autoria (como tudo na vida, aliás): foi escrito por mim, no blogue www.umamoratrevido.blogspot.com, que se encontra protegido por direitos de autor. Agradeço a rectificação. Obrigada.
a.
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