quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Carta ao amor

Pediram-me para escrever uma carta de amor. Mas não o sei fazer.
Tentei escrever ao próprio amor, mas não fui capaz.
Acabei por torná-la banal. Tal como todas as outras. Lamechas. Tonta. Querida. Amorosa. Desnecessária. Como eu não gosto.

Devia ter aceitado a proposta como um desafio; ou mudá-la para que me fosse favorável. No entanto, o problema persistia. Mesmo que falasse de ódio, falava de amor. São opostos que andam de mãos dadas, quantas vezes.
Não é que não ame, não é que não seja amada. Eu gosto de amar, claro! Apenas me sinto desiludida com as pessoas que, aos primeiros contactos, vivem aos abraços e às demonstrações de carinho. O “adoro-te” e o “amo-te” são palavras comuns, escritas na areia. Detesto, Mesmo, Isso. Como é que assim podemos demonstrar o verdadeiro e puro amor? Como é que sabemos que aquela pessoa, a determinada pessoa, vive connosco? (Ah, sim! Porque ela(s) não vive(m) para ou por nós. Ela(s) vive(m) para que possamos viver com ela(s). Crescer, sentir, recordar: tudo com essa(s) pessoa(s) que a cada momento nos torna(m) melhores.)
Por isto, não me peçam para escrever ao amor, se ele vive disfarçado em palavras sem significado. Não peçam, se aqueles para quem escrevo sabem que não o faço bem.

Não sei escrever uma carta de amor. Nunca o soube fazer.
Ana Garcia, 12ºB

2 comentários:

'pessoa(S)...' disse...

Sorrio-te...
...
Entendo-te. (Se soubesses como...)
...
Um poeta disse 'As palavras estão gastas, meu amor...'

Há que reinventá-las! Restituir-lhes a pureza inicial, a inocência. Retirar-lhes as dedadas de quem as maculou e os rótulos de quem as diz como se as engolisse sem as saborear.

Talvez... por isso... é que «todas as cartas de amor são ridículas». Porque inocentes. Porque encolhem os ombros face a frases esteriotipadas. Porque únicas... sobretudo quando se diz que não se sabe escrever uma carta de amor.

Sorrio-te, de novo.
...
É que a tua escrita sorriu-me, sabes? Tal como o mundo que se adivinha abraçado às tuas palavras.

Não, Ana, tu não escreves bem! Tu derramas-te nas tuas palavras e excedes os adjectivos! E isso tem um nome, que por enquanto não te revelo... :)

CC (aqui mais, muito mais, do que a prof. de Português!)


(Quero ler-te maisssssssssssss!)

Anónimo disse...

Está mesmo muito lindo, Ana. Como seria de esperar. Não é à toa que és a menina das letras bonitas.
Tu brincas com as palvras de uma maneira impressionante. Não basta serem bonitas as tuas palavras, mas também por seres a pessoa que és.
Gosto muito de ler o que escreves e aliás, acho que já te tinha dito.

=)

Um beijinho na bochecha. *

Sara Realista 12ºB