terça-feira, 27 de maio de 2008

Aqui

Na vida, para mim, não há deleite.
Ando a chorar convulsa noite,
E não tenho nem sombra em que me acoite,
E não tenho uma pedra em que me deite!
Ah! Toda eu sou sombras, sou espaços!
Perco-me em mim na dor de ter vivido!
E não tenho a doçura duns abraços
Que me façam sorrir de ter nascido!
Sou como tu um cardo desprezado
A urze que se pisa sob os pés,
Sou como tu um riso desgraçado!
Mas a minha
Tortura inda é maior:
Não ser poeta assim como tu és
Para concretizar a minha Dor!
Florbela Espanca
- Trocando olhares
L.Lancao_

segunda-feira, 19 de maio de 2008

FelIZ

Eu acredito que sim...que estou feliz...
Nunca se pode ser...porque se o é... nunca se é o de todo...
Estar feliz...é sermos nós próprios...sem ter que nos preocupar com
as futilidades...
É poder vencer sem ter medo de sequer olhar para trás...
sem máscaras... sem mentiras...sem...
Não há tempo...estar feliz...é assim...
querer é a arma que nos acompanha...
não há ninguém que esteja feliz....mas também não há ninguém que o seja...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Eterna Solitária


Que bela visão... o sol a reflectir a sua beleza no explendoroso mar, que toca agora mais suavemente na areia, como se fosse um fogoso beijo. E eu a observá-lo, sentada numa rocha já moldada por este eterno e belo beijo.


Penso em como tudo seria mais explendido se tivesse um alguém com quem partilhar esta maravilhosa visão, mas não... estou sózinha, sou uma eterna solitária, que fica contentada com a natureza, que apesar de maravilhar qualquer ser, também é cruel quando menos se espera.


Equiparo-a a ti, belo e cruel, mas não por isso, menos maravilhoso!

Sei que és a metade de mim que falta, mas ainda assim preso muito a minha integridade... o meu orgulho!


Olho mais uma vez a meu redor...magnifica natureza, que mesmo já escrita e descrita, me maravilha... e ao meu lado... ninguém para a contemplar comigo.


Muito mal já fiz, mas ainda assim, não tanto para merecer estar só, nesta dura vida, em que muitas vezes precisava de um apoio diferente... só queria um toque, um abraço... um beijo!



Assim me despeço, com este sentimento de desalento e profunda dor por estar só...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

SerEnidade

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
Fernando Pessoa
Luis Lanção 12F

quinta-feira, 1 de maio de 2008

«Com as palavras todo cuidado é pouco, mudam de opinião como as pessoas. (...) Porque as palavras, se não o sabe, movem-se muito, mudam de um dia para o outro, são instáveis como sombras, sombras elas mesmas, que tanto estão como deixaram de estar, bolas de sabão, conchas de que mal se sente a respiração, troncos cortados.»

As Intermitências da Morte, José Saramago, 2005


Joana Baltazar 12ºB
Memorial do Convento

“Memorial do Convento”, publicado em 1982, é um dos mais conhecidos romances de José Saramago. A história desta obra centra-se na construção do Convento de Mafra, durante o reinado de D. João V (século XVIII). Esta construção decorreu em cumprimento da promessa do rei de construir um convento em Mafra para os franciscanos, caso a rainha D. Maria Ana de Áustria lhe desse um herdeiro. Esta narração é intercalada com a história de Baltasar (um operário que participou na construção do convento) e de Blimunda, a sua mulher, assim como, do padre Bartolomeu de Gusmão que queria voar.


«Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o mundo na sua órbita. Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de luas, por isso o céu é o resplendor que há dentro da cabeça dos homens, se não é a cabeça dos homens o próprio e único céu.»

Memorial do Convento, José Saramago, 1982


Joana Baltazar 12ºB

sábado, 26 de abril de 2008

JOSÉ SARAMAGO

«O que há (...) são livros em que eu, como cidadão, como pessoa que sou, diante do tempo, diante da morte, diante do amor, diante da ideia de Deus existente ou não, diante das coisas que são fundamentais (e continuarão a ser fundamentais), procuro colocar o conjunto de dúvidas, de inquietações e de interrogações que me acompanham.»

José Saramago, «falando da sua obra», in Jornal de Letras, Lisboa, 1998
cc